domingo, 19 de dezembro de 2010

continuação da história do Mestre Passarinho

Em 16/03/1974, nós tivemos a idéia de colocar um nome no grupo, onde se consensualizou que deveria se chamar (Grupo de capoeira do SESC). Esse Grupo logo se tornou uma referência na Capoeira em Goiânia-Goiás. Muitos capoeiristas que vinham de fora, obrigatoriamente, tinham que nos visitar. Eu e os meus alunos sempre íamos visitar o Velho Mestre Sabú em sua academia na Vila Redenção, bem como ao Mestre Osvaldo de Souza, o referencial da capoeira regional em Goiás, onde fizemos muitas amizades e adquirimos muito conhecimento que iremos levar pela vida a fora. Mestre Sabú, sempre recebeu-me e a meus alunos com carinho e respeito em sua academia. Ele sempre tinha uma palavra amiga a ofertar a todo e qualquer que se aproximasse dele. Mestre Sabú  tinha excelentes técnicas e bons alunos, dentre eles eu poderia destacar o Carlos (escravo), José Bosco (Bosquinho) e Uiramar Sales coutinho (Mestre Canarinho). Eu me destacava dos demais capoeiras de Goiás pela minha flexibilidade de coluna, força corporal, abertura completa de pernas, impulsão além do normal e habilidade nos saltos e movimentos aéreos e pelo fato de sempre esta pronto para o jogo pesado. Eu jogava de igual para igual com todos os que se diziam graduados de Bimba E Mestres de Capoeira de Goiânia e demais academias. Nosso Grupo era respeitado em Goiás e fora dele. Fizemos inúmeros shows em escolas e faculdades. O Grupo sempre fazia uma roda no Zoológico de Goiânia aos Domingos no período vespertino, ou seja, no domingo havia capoeira em Goiânia o dia inteiro. No clube do SESC aos finais de semana reuniam-se vários alunos de outros grupos a treinar conosco e trocar conhecimentos como o Chicão, o próprio Mestre Formiga ia nos visitar, peninha, José atabaqueiro, mas, eu gostaria de deixar aqui consignado um aluno do Mestre Sabú que sempre estava conosco de nome Carlos (Escravo) que era dono de uma técnica fantástica e, em muito contribuiu para a minha formação. Em Abril de 1976, o Carlos Antônio de Jesus (o empresário) afastou-se do Grupo, indo cuidar da sua vida particular. No dia 18 de abril de 1976, em uma apresentação de Capoeira no Clube do SESI da Vila Canaã eu assumi a liderança do grupo de capoeira do SESC e, em comum acordo com os membros do Grupo, resolvemos mudar o nome do Grupo, passando então a se denominar GRUPO DE CAPOEIRA SÃO BENTO PEQUENO. Após essa mudança, meus alunos e outros capoeiras de Goiás acharam que eu deveria usar o cordão de Mestre, mas, eu não quis, porque sempre achei que cordão não ganha luta. No ano de 1979, o Mestre Bandoê, percebendo o meu potencial e a minha liderança, outorgou-me o Grau de Mestre. Nesse mesmo ano eu tive que ir servir o exército em Brasília no 1º regimento de cavalaria de Guardas (RCGD), mais conhecido como Dragões da Independência. Ficou em meu lugar dando aulas no SESC o (Contra Mestre) Eltom Pereira de Brito (suíno). O grupo não sentiu a minha falta porque eu estava em Goiânia aos finais de semana e tomava conta da academia. Disputamos inúmeros campeonatos, sendo vencedores na maioria deles. O contra Mestre Suíno começava a se destacar em meio aos demais capoeiristas de Goiânia, sendo considerado pela Confederação brasileira de Pugilismo como o lutador mais técnico do torneio (1979).  Em 1979, após servir o exército, fui a Salvador, onde fui apresentado ao Mestre João ramalho de Souza, mais conhecido como (Pena KID), com o qual, mantive contato e treinamentos, objetivando aprimorar meus conhecimentos, vindo a me formar com o mesmo após passar pela prova de emboscada, voltando inúmeras vezes a salvador para adquirir conhecimentos com o mesmo e outros Mestres. Em 1981, formei o primeiro Mestre (Suíno) que hoje é o presidente do Grupo candeias. Após a formatura do Mestre Suíno, tive que sair do clube do SESC, pois, havia acabado de me casar e necessitava de ter um salário para manter minha família. Destarte, carrego comigo uma enorme mágoa quanto a posição adotada pela Diretoria do clube do SESC que, após se beneficiarem e explorarem o meu trabalho de forma gratuita por mais de 06 anos, não quiseram me contratar e pagar um salário justo pelas minhas aulas, muito menos quiseram me indenizar pelo período em que trabalhei ministrando aulas no clube. Os Coordenadores de atividades do Clube do SESC (Cezar e Maristela), bem como a Diretoria do clube não fizeram questão de me manter como Mestre de Capoeira no Clube, ou seja, me senti usado e desvalorizado como pessoa e como profissional da capoeira.  Na Roda de capoeira, eu sempre fui um vencedor, mas, na minha profissão (Policial Civil) eu tive inúmeras decepções e problemas, pois, em 1990, me vi perseguido por um grupo de traficantes que, dentre outras coisas, tentaram me levar a óbito, alvejando-me na perna direita quebrando-a e, me deixando fora de atividades por um período de 12 meses. Em face dessa situação conflituosa, fui obrigado a me afastar do mundo da Capoeira de 1991 a 2004. Atualmente estou com 48 anos de idade, sou Policial Civil, e Mestre de Capoeira de renome Internacional, com inúmeros títulos representando o nosso Estado. Já formei mais de 28 mestres, sendo chamado por muitos como o Mestre dos Mestres. Sou Formado em História e Espanhol pela Universidade Federal de Goiás. Sou Campeão Goiano e Brasileiro inúmeras vezes, sendo o Mestre que mais títulos Nacionais trouxe para Goiás.Depois de muito tempo longe da roda de Capoeira, me vi obrigado a retomar minhas atividades, pois, a maioria doa alunos que formei, estão parados sem repassar o conhecimento para frente, outros, estão dando aulas e desvirtuando o que ensinei em nome de uma tal de capoeira contemporânea que, tem como único objetivo o Lucro. Não tem nada de objetividade, ou seja, é uma capoeira inócua e sem essência, estão deixando a tradição de lado e se auto denominado os sabe tudo. Todo começo e/ou recomeço, tem os seus percalços e, dificuldades, mas eu acredito que, irei superar tudo e todos. Minha fé em Deus é maior do que tudo nesse mundo. Quero recuperar o meu espaço no mundo da Capoeira de Goiás, Brasil, e, porque não dizer no mundo, pois, inúmeros alunos meus e alunos de alunos meus estão ministrando aulas fora do País. Eu sei que irei enfrentar discriminações por conta do meu passado jurídico e a discriminação de Mestres de Capoeira que jamais me engoliram porque nunca conseguiram ganhar de mim na Roda da Capoeira. 
            Nesse recomeço, eu conto principalmente com o apoio de meus amigos sinceros que nunca me viraram as costas nas horas difíceis e acima de tudo da minha família e filhos. Na próxima edição, tem mais!

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